Um passeio para celebrar o aniversário de Salvador

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Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, Ilha dos Frades. Caminhada para a Praia da Viração. Foto: Fábio Marconi

473 anos de Salvador

O Vist Salvador da Bahia te leva em um passeio por lugares que remontam a jornada da primeira capital do Brasil

Por Fernanda Slama

Cidade solar, musical e multicultural. Aqui, até água benta tem cheiro de alfazema, e a brisa vem junto com o aroma do dendê. De uma ponta a outra, um batuque e uma dança, um sabor, uma ladeira, um jeito de falar, um banho de mar, de folhas e de pipoca também. Roma Negra, Meca da Negritude, Cidade da Música e da Alegria, para quem não conhece, Salvador é exatamente assim.

 

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A primeira cidade fundada nas terras do Brasil, sede do Governo-Geral, por muitos anos a maior cidade das Américas, está fazendo aniversário. Em 29 de março de 1549, nascia São Salvador, já cidade, já capital, sem nunca ter sido província. O Visit Salvador da Bahia te leva por estes 473 anos de história, em um passeio por lugares que, de alguma forma, remontam a jornada desta querida cidade.

1. O Marco de Fundação da cidade

Foi no atual Porto da Barra que o governador-geral Tomé de Sousa desembarcou com homens e materiais, fundando a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos no ano de 1549, século XVI.

Comece seu passeio por lá, no Marco de Fundação da Cidade do Salvador. Você pode aproveitar para ir ao Forte de São Diogo, no Espaço Carybé. Na outra ponta da enseada, está o Forte de Santa Maria, onde fica o Espaço Pierre Verger de Fotografia Baiana.

02. Os primeiros mapas da cidade

Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Centro, Salvador, Bahia. Foto: Amanda Oliveira .

Fundado em 13 de maio de 1894, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) é a entidade cultural mais antiga da Bahia, com 128 anos de funcionamento ininterrupto.
A formação territorial e urbana da cidade e da Bahia pode ser resgatada no acervo cartográfico existente no IGHB, o maior do estado.

Aqui tem história em cada esquina! A primeira rua, o primeiro forte. A primeira capital!

03. A primeira rua do Brasil

Hotel Fasano. Rua Chile. Centro Histórico. Salvador Bahia. Foto Uiler Costa.

A Rua Chile foi construída em 1549 por Tomé de Souza, junto com o próprio nascimento da cidade de Salvador. Jorge Amado costumava se referir à Rua Chile como o coração da cidade. Nos tempos do autor, era lá que Salvador pulsava. Com o projeto de modernização de 1910, a rua se expandiu tanto em tamanho, quanto em importância. Saiba mais desta história neste link.

Mitologias da Rua Chile

04. Um dos principais pontos turísticos de Salvador

Farol da Barra. Foto: Fábio Marconi

Construído antes mesmo de a própria cidade de Salvador ser fundada, o Forte de Santo Antônio da Barra foi erguido em 1536, sendo a primeira fortificação do país. É ali que fica o famoso Farol da Barra.

Salvador se formou como uma cidade-fortaleza, e já possuiu vinte fortes, sendo que apenas dez deles restam na cidade até hoje.
Saiba mais neste link.

Farol da Barra – Museu Náutico da Bahia

05. Cidade Alta e Cidade Baixa

Bahia de Todos os Santos. Elevador Lacerda

Certas características geográficas influenciaram a organização da cidade. A divisão entre Cidade Alta e Cidade Baixa, tão falada e conhecida, é devido a uma formação de dois níveis sobre uma escarpa acentuada.

Na parte alta, está o Centro Histórico, que no passado foi edificado como um ponto estratégico da costa para dominar a imensa baía. Já a Cidade Baixa é litorânea, banhada pela Baía de Todos-os-Santos, e tem alguns dos atrativos turísticos mais característicos de Salvador, como, por exemplo, a Igreja do Bonfim.

Nesta escarpa está o Elevador Lacerda, o primeiro elevador urbano do mundo. Em 8 de dezembro de 1873, quando foi inaugurado, era o mais alto do mundo, com 63 metros. Hoje, é um dos principais pontos turísticos e cartão postal da cidade. Do alto de suas torres, se tem uma bela vista da Baía de Todos-os-Santos, do Mercado Modelo e, ao fundo, do Forte de São Marcelo. Conheça estes e outros pontos de interesse neste link.

Fundação Casa de Jorge Amado

06. O Pavilhão da Independência

Lapinha. Salvador, Bahia. Foto: Amanda Oliveira.

É na Lapinha, significativo bairro para a história da formação da cidade, que fica o Pavilhão da Independência, ponto importante que marca o começo do cortejo do dia 2 de julho, Independência do Brasil na Bahia. É lá a “casa” do Carro do Caboclo e da Cabocla, figuras centrais da celebração.

Eles representam uma gente aguerrida, que lutou pela independência, enfrentando, por mais de 17 meses (de fevereiro de 1822 a julho de 1823), as tropas portuguesas. Um exército de pessoas comuns, unidas por um único objetivo, onde brancos pobres, tupinambás, negros libertos e pessoas escravizadas enviadas pelos seus senhores se juntaram a soldados regulares e foram à luta. Na madrugada de 2 de Julho de 1823, a cidade de Salvador recebeu “caboclos e caboclas” como vencedores, merecedores desta terra. Conheça mais desta neste link.

O 2 de julho – Independência do Brasil na Bahia

07. A cidade tem um “xêro” de dendê

Museu da Gastronomia. Pelourinho, Salvador, Bahia. Foto: Amanda Oliveira.

A culinária na Bahia é formada por um sincretismo cultural das gastronomias indígena, africana e portuguesa. São muitos os pratos de intensa carga afetiva que representam esta terra, mas dois deles são praticamente pontos turísticos da cidade: a moqueca, mais representativa desta união multicultural; e o acarajé, o mais democrático e emblemático.

A receita da moqueca leva peixe cortado em postas, tomates, cebolas, pimentões, coco seco, coentro, cebolinha, azeite de dendê, sal e pimenta. Aqui em Salvador, a gente costuma “sextar com dendê”, e o prato escolhido é quase sempre a moqueca.

A geografia da moqueca

Bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal, na qual o feijão é moído, temperado e posteriormente frito no azeite de dendê fervente. Então vem a arte e a energia da baiana, carrega com uma dose de alegria e ancestralidade e ele se torna o tão querido e famoso acarajé. Como recheio, pode ter a pimenta, o vatapá, o caruru, o camarão seco e salada. Além de alimento e sustento para várias famílias, tem um importante caráter simbólico.

O mapa dos Acarajés

08. Um pouquinho de Portugal, um montão de África

Parque Pedra de Xangô. Salvador Bahia. Foto Max Haack Secom.

De acordo com o Centro de Estudos Afro-Orientais, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), são mais de mil terreiros cadastrados na capital baiana, que podem ser consultados por meio do portal do CEAO na internet.

Destes, alguns são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como o Casa Branca, Ilê Axé Iyá Nassô Oká; Ilê Axé Opô Afonjá; Gantois, Ilê Axé Iyá Omin Iyá Massê; Bate Folha, Manso Banduquenqué e o Ilê Maroiálaje Alaketuh.

Outro lugar representativo é a Pedra de Xangô, em Cajazeiras. Protegida pela Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município (8.550/2014), foi tombada pela prefeitura em maio de 2017, através da Fundação Gregório de Matos (FGM), que oficializou o tombamento da pedra em si e da área considerada sítio histórico do antigo Quilombo Buraco do Tatu.

Em breve, vai ser entregue a construção no entorno, com implantação de praça, paisagismo, construção de arquibancadas, escadas, pontilhões e vertedouro, além da instalação de equipamentos e mobiliários urbanos. O projeto vai transformar o local no Parque Pedra de Xangô, primeiro parque de Salvador a levar o nome de um orixá.
Tem igreja para visitar o ano todo. São mais de 365.

09. Lavagem aqui é festa

Lavagem do Bonfim Bonfim 2020. Salvador Bahia Foto: Amanda Oliveira.

A devoção ao Nosso Senhor do Bonfim é uma herança portuguesa. Ele se tornou o padroeiro dos baianos e símbolo do sincretismo religioso do estado. A Igreja do Bonfim é cartão postal, símbolo de fé e sincretismo religioso e local onde acontece a maior e mais famosa celebração de festa popular da Bahia, a Lavagem do Senhor do Bonfim.

A festa conta com a participação de baianas do candomblé, grupos culturais, fiéis de todas as religiões, curiosos, moradores e visitantes, que caminham desde a Igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, até o Alto do Bonfim, na Colina Sagrada. Quem tem fé, vai a pé!

Igreja Nosso Senhor do Bonfim

10. O padroeiro da cidade

Catedral Basílica Pelourinho. Salvador. Bahia. Foto: Amanda Oliveira.

Outra das tantas igrejas emblemáticas é a Catedral Basílica Primacial de São Salvador, sede do arcebispo-primaz do Brasil e a mãe de todas as igrejas católicas brasileiras. Os 30 bustos relicários que foram restaurados são, hoje, junto com os dois altares, os mais importantes acervos de arte sacra brasileira do fim do século XVI.

Lá, está a imagem do padroeiro da cidade. São Francisco Xavier foi instituído padroeiro da capital baiana em 10 de maio de 1686, a partir da proteção que os jesuítas e o povo invocaram sobre a cidade, após duas devastadoras epidemias. Desde então, em Salvador, o santo é celebrado no mês de maio.

Catedral Basílica de Salvador

11. O cotidiano soteropolitano para o mundo

Casa do Rio Vermelho. Foto: Fábio Marconi

Jorge Amado foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Foi um dos grandes responsáveis por criar um imaginário soteropolitano, mostrando o dia a dia da cidade – e da Bahia – para o mundo.

“A Casa do Rio Vermelho”, última residência onde viveram os escritores Jorge Amado e sua companheira Zélia Gattai, é um memorial riquíssimo sobre a vida e a obra desse admirável casal, que levou a literatura da Bahia para o mundo. Os ambientes mantêm as características originais do imóvel e cada sala possui projeções com diferentes assuntos sobre a vida dos artistas. O memorial oferece aos visitantes mais de 30 horas de vídeos, projeções e áudios sobre a vida e obra do casal.

Casa do Rio Vermelho

12. Festa multicultural

Casa do Carnaval – coleções. Foto: Fábio Marconi

Conhecida por ter carnaval o ano inteiro, Salvador tem uma festa multicultural, marcada pelo som percussivo dos Blocos Afros, a potência dos trios elétricos, palcos culturais, fanfarras e camarotes. O carnaval faz parte das transformações sociais e da formação da identidade baiana.

A Casa do Carnaval da Bahia é o melhor lugar para vivenciar e fazer uma imersão da festa o ano inteiro. As histórias do começo dos blocos de Índio, das indumentárias estampadas, da icônica pintura no corpo, das mortalhas e abadás, o surgimento do axé e dos trios elétricos, a invenção da guitarra baiana… está tudo lá.

Casa do Carnaval

13. A música baiana também tem museu

Cidade da Música da Bahia. Comércio Salvador Bahia. Foto Betto Jr. Secom.

Salvador tem na música uma de suas principais manifestações culturais, berço de grandes artistas da MPB, samba-reggae, rock, pagode, axé e de diversos outros gêneros e ritmos.
Cidade da Música da Bahia é um museu que utiliza alta tecnologia e reúne toda essa sonoridade em único lugar. Um verdadeiro resgate histórico e cultural da música produzida no estado. Saiba mais neste link.

Cidade da Música da Bahia

Limites da cidade

Embora a criação de Salvador fosse idealizada pelo Reino de Portugal, sendo a primeira cidade planejada do país, o crescimento contínuo da capital através das décadas foi completamente espontâneo.

Muitos anos depois, em 1987, Salvador foi dividida em 18 zonas político-administrativas, para melhorar a gestão territorial, como São Caetano, Liberdade, Brotas, Cajazeiras, Subúrbio Ferroviário, Itapuã e Ilhas. Os limites da cidade se expandiram, assim como as possibilidades turísticas.

14. Água aqui é quentinha. Banho de mar né tradição não, é necessidade

Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, Ilha dos Frades. Foto: Fábio Marconi

Um dos principais destinos turísticos do Brasil, Salvador permanece se renovando. De alguns anos para cá, turistas e moradores estão redescobrindo a cidade. Tem muita gente que foi saber “ontem” que o território de Salvador abriga três ilhas na Baía de Todos-os-Santos: Maré, Frades e Bom Jesus dos Passos, onde a natureza é um dos grandes atrativos.

Com a bandeira Azul, certificação internacional de qualidade ambiental para praias, a Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, na Ilha dos Frades é a queridinha da vez. A praia tem estrutura de cadeiras e barracas na areia, mirantes e restaurantes. O passeio de barco ainda pode incluir uma paradinha em Viração e Loreto.

Baía de maravilhas

Bandeira Azul

Venha conhecer a primeira cidade do Brasil, terra de tantos encantos e histórias, e comemorar os seus 473 anos com muito axé e dendê!