
Do sorvete aos saveiros: conheça o bairro da Ribeira
Prática de remo e museu do sorvete são atrações turísticas

Ribeira rima com sorvete, pôr-do-sol e cultura. Localizado na Península Itapagipana na Cidade Baixa, em Salvador, o bairro da Ribeira tem a famosa Sorveteria da Ribeira, fundada em 1931, como o mais conhecido point para turistas. Mas, o bairro é muito mais do que um ótimo lugar para tomar um delicioso sorvete.
Surgido como uma aldeia de pescadores, nos anos 1930 a Ribeira era um disputado lugar para o veraneio de famílias da Bahia. O bairro possui uma marina onde, até hoje, são atracadas embarcações – especialmente os saveiros que ficam ancorados na Enseada dos Tainheiros.
No verão, os saveiros dividem espaço nas águas calmas com as competições de remo. A vocação marítima do bairro já vem do nome Ribeira que é uma expressão de Portugal que significa “ancoradouro para reparação de naus“, segundo informações do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Do sorvete aos saveiros: conheça o bairro da Ribeira e organize sua próxima visita.
Sorvete e história

A Sorveteria da Ribeira, aberta em 1931 e localizada em frente à praia, é um dos pontos turísticos mais conhecidos de Salvador. São quase 100 opções de sabores que você pode tomar enquanto passeia pela beira-mar. Ela foi fundada pelo italiano Mário Tosta, que fabricava e vendia pizza e sorvetes. Foi um dos primeiros estabelecimentos do ramo na península. Em 1964, o atual dono, o espanhol José Lorenzo Hermida, comprou a sorveteria do italiano e manteve a tradição.
Mas a famosa sorveteria não é o único espaço dedicado ao sorvete no bairro. Em 2019, o Solar Amado Bahia – localizado no Porto dos Tainheiros – foi reformado pela empresa Sorvetes Real e foi transformado no Museu do Sorvete. O casarão, que tem 107 portas, é uma preciosidade da arquitetura baiana.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) em 1981, o solar estava completamente abandonado desde 1993, após um imbróglio judicial envolvendo uma fábrica que funcionou no local. Construído pelo comerciante de carnes Francisco Amado Bahia, o local é, agora, um espaço para conhecer e saborear deliciosos sorvetes.
Ainda no quesito gastronomia, a Ribeira tem ótimas pastelarias, acarajé e bares com petiscos regionais e música ao vivo que são bem movimentados, especialmente nos finais de semana, na região do Largo da Ribeira, área central do bairro.
Para todos os gostos

O passeio pela Ribeira atende a todos os gostos. O calçadão da orla da Avenida Beira Mar é um convite à prática de atividades físicas, com direito a uma bela vista e um pôr-do-sol incrível. Um dos maiores largos da Península de Itapagipe, o Largo do Papagaio, está localizado em uma das entradas para a Ribeira. No local, acontecem diversas competições de futebol amador.
A Ribeira, que está localizada perto da tradicional Basílica do Senhor do Bonfim, é também um bairro que desperta a religiosidade. Lá, está localizada a igreja Nossa Senhora da Penha, que é uma das seis igrejas construídas na Cidade Baixa. Ela fica na beira da praia e foi construída em 1742, pelo Arcebispo Dom José Botelho de Matos. Um fato interessante dessa igreja é que ela foi a ”casa” das imagens de Nosso Senhor do
Bonfim e Nossa Senhora da Guia, quando vieram de Portugal, em 1743. Elas ficaram lá guardadas até que a basílica ficasse pronta.
Diversão das boas
Comer um cozido (um ensopado de carnes com verduras e pirão de farinha de mandioca) na segunda-feira com direito a muito samba. Curtiu a mistura? É isso que acontece na tradicional festa da Segunda-feira Gorda da Ribeira, que ocorre na primeira segunda-feira após a Lavagem do Bonfim, em janeiro. A comemoração teve início no século XIX como uma extensão da tradicional lavagem.
No dia da Segunda-feira Gorda da Ribeira, as pessoas ainda seguem blocos e fanfarras por toda a extensão do bairro, a partir da Avenida Beira Mar, sempre com muita alegria e entusiasmo. A festa já foi bem grande, com trios elétrico e afoxés, também considerada como prévia do Carnaval. Hoje em dia, bem mais vazia, vem sendo redescoberta por turistas e pelos próprios moradores.
No verão, outro espaço que atrai milhares de pessoas para a Ribeira é o projeto do Mercado Iaô, que reúne gastronomia, artesanato e programação cultural
Em uma área de 7.000 m², o Mercado Iaô funciona como espaço multicultural dentro da Fábrica Cultural, ONG presidida por Margareth Menezes. A Fábrica Cultural ocupa a área da antiga Fábrica Nossa Senhora Aparecida, na Ribeira.