Ouça Mundo Afro – Antologia da História Musical dos Blocos Afro e Afoxés

Cidade da Música
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Disco “Mundo Afro”. Foto Carlos Luiz (divulgação FGM)

O batimento ancestral de Salvador

Gravações inéditas de Cortejo Afro, Didá, Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Muzenza e Olodum

Salvador da Bahia, uma cidade onde a história ancestral pulsa em cada esquina, onde a cultura afro-brasileira ecoa nos tambores e se manifesta em cores, ritmos e vozes. É nesse cenário vibrante que nasce Mundo Afro, um projeto musical que vai além de uma simples compilação para se tornar um documento sonoro — um portal para a alma da Bahia.

Longe de ser apenas mais um álbum, Mundo Afro é celebração, registro histórico e ato de reverência aos 50 anos dos blocos afro — movimento que redefiniu a identidade cultural de Salvador a partir da fundação do Ilê Aiyê, em 1974. Com 21 faixas cuidadosamente selecionadas, o disco reúne sete dos mais emblemáticos blocos afro e afoxés da capital baiana, cada um contribuindo com três canções que condensam sua trajetória e sua mensagem.

Lançado nas plataformas de streaming em 18 de fevereiro de 2025 — data simbólica que marcou os 76 anos do Afoxé Filhos de Gandhy — o álbum já se posiciona como um marco. A edição limitada em vinil duplo, foi lançada em agosto de 2025, reforça o desejo de muitos em ter esse pedaço da história em suas mãos. (as vendas do álbum físico devem ser divulgadas pelo instagram: @janeladomundo)

O álbum Mundo Afro é a celebração da força de todos os blocos afro e afoxés que transformaram Salvador em referência mundial de ancestralidade e revolução cultural.

A sinfonia da resistência e da celebração: mais que Música, um legado vivo

 

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Sob a batuta do produtor musical Alê Siqueira, a gravação do álbum foi um acontecimento à parte. Realizada ao ar livre, na sede do Malê Debalê, em novembro de 2024, a escolha do local e da metodologia não foi casual: buscava-se capturar a autenticidade, a espontaneidade e a vibração que apenas o ambiente natural e a performance ao vivo podem oferecer. O resultado é uma sonoridade orgânica, capaz de fazer o ouvinte sentir a areia sob os pés e o sol na pele, transportando-o diretamente para o coração da Bahia.

Estão presentes a força do primeiro bloco afro fundado no Brasil – o Ilê Aiyê, criado em 1º de novembro de 1974 – e também do mais antigo grupo de afoxé, o Filhos de Gandhy, formado em 18 de fevereiro de 1949.  Se os Filhos de Gandhy desfila na cadência do ijexá, o Olodum – criado em 25 de abril de 1979, um mês após o Malê Debalê, fundado em 23 de março do mesmo ano – aposta nos ritmos afro-caribenhos e no samba-reggae, gênero cuja batida foi originalmente sintetizada por ritmistas do Muzenza, bloco afro fundado em 5 de maio de 1981, inspirado no rastafarianismo, na ideologia do reggae e na cultura jamaicana.

Também marcam presença os ritmos africanos mesclados a batidas eletrônicas e ao pop do Cortejo Afro, criado em 2 de julho de 1998, além da Didá — primeira banda de percussão formada exclusivamente por mulheres negras no Brasil — fundada em dezembro de 1993 por Neguinho do Samba, mestre de bateria e criador do samba-reggae, com passagem pelo Olodum e pelo Ilê Aiyê.

As letras das músicas que compõem Mundo Afro refletem a realidade e os anseios da comunidade afro-brasileira. Falam de identidade, luta, empoderamento, fé e da beleza de uma cultura que resiste e floresce. São verdadeiros hinos que celebram a ancestralidade, a negritude e a importância de manter viva a memória e os ensinamentos daqueles que vieram antes.

Saiba mais sobre a realização do projeto

O apoio do programa Viva Cultura, da Prefeitura de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), reforça a relevância institucional e o reconhecimento do poder transformador desses blocos. Mundo Afro não é apenas um produto cultural: é uma ferramenta de educação, um manifesto de orgulho e um convite à reflexão sobre a riqueza da herança africana no Brasil. Produzido e distribuído pela Janela do Mundo, esse trabalho é mais que música — é legado, é futuro, é identidade.

Fontes:

Antologia ‘Mundo afro’ evidencia a pluralidade rítmica do som dos blocos e dos grupos de afoxé de Salvador – Por Mauro Ferreira (G1 fevereiro 2025)

Com apoio da FGM, disco “Mundo Afro” registra história musical dos blocos afro e afoxés – Reportagem: Nilson Marinho | Secom PMS (Portal FGM agosto de 2025)