Conheça um dos eventos de samba mais queridos de Salvador
Cultura afro-brasileira vibrante, tradição e resistência
Este é um movimento em que a conexão com o sagrado e a tradição ancestral se manifesta por meio da música, da dança e das trocas genuínas entre os participantes. Criado e conduzido por Samora Lopes (@samora_lopes), Igor Reis — mais conhecido como Negralha (@igornegralha) — e Campos Campos (@amcampos1984), o Banjo Novo se define como um espaço de “aquilombamento urbano contemporâneo”, onde o samba é mais que música: é expressão de pertencimento, memória e resistência.
O projeto itinerante já soma quase 30 edições, reunindo centenas de pessoas em encontros que costumam acontecer às sextas-feiras, marcados pelo uso obrigatório de roupas brancas, em respeito à tradição soteropolitana. Os músicos se apresentam sentados em uma mesa, enquanto o público samba ao redor até a vela palito nº 8 se apagar — o que leva, em média, quatro horas.
O Banjo Novo conquistou um público fiel e crescente. O evento, que começou em uma laje no bairro de Trobogy, já ganhou até uma edição gratuita nas ruas do Pelourinho, reunindo cerca de 5 mil pessoas em uma verdadeira roda de celebração da negritude, da ancestralidade e da cultura popular.
Nascido para valorizar o samba tradicional, o Banjo Novo ganhou o coração dos soteropolitanos e reafirma sua proposta a cada encontro: celebrar o passado, viver o presente e projetar um futuro com mais identidade e afeto.
Da Laje ao Coração da Cidade
A história do Banjo Novo é um testemunho da força da espontaneidade e da paixão pela cultura. Idealizado por Samora Lopes, o projeto deu seus primeiros passos de forma despretensiosa, em encontros informais entre amigos. A primeira edição, simples e simbólica, aconteceu em uma laje no bairro do Trobogy — espaço que hoje evoca a essência comunitária e orgânica do movimento.
O que começou como uma brincadeira ganhou consistência com a entrada de Igor Negralha, um dos sócios, que propôs a criação de um samba raiz, de rua, com poucos instrumentos microfonados. Desde então, o Banjo Novo vem conquistando adeptos e transformando cada encontro em uma experiência onde o samba transcende a música, tornando-se veículo de trocas genuínas e fortalecimento dos laços comunitários.
As tradições da festa
Um dos elementos mais emblemáticos do Banjo Novo é a tradição da “vela”. A ideia é simples, mas profunda: o samba só termina quando a vela se apaga. No início, havia receio de que o público não resistisse ao tempo de duração, já que uma vela nº 8 pode queimar por até quatro horas e meia. No entanto, em uma ocasião em que a produção esqueceu de cortá-la, a banda tocou durante todo esse período, e o público acompanhou com entusiasmo — consolidando a vela como símbolo de vivência e resistência do Banjo Novo.
A chegada da vela é sempre emocionante. Um convidado a conduz, já acesa, em um belo castiçal de vidro, enquanto um cortejo de sopros, ao som do ijexá, segue até o palco. Ali, é colocada no centro da mesa, marcando que o samba só termina quando o pavio se apagar. Já participaram desse cortejo nomes como padre Lázaro Muniz; a jornalista Val Benvindo, neta da fundadora do Ilê Aiyê; Vadinho França, fundador do Bloco Alvorada (criado em 1975); e o ator Sulivã Bispo, entre outros.
Realizado mensalmente, o Banjo Novo segue sua jornada pelos bairros de Salvador, levando cultura e tradição a diferentes espaços da cidade, como Santo Antônio Além do Carmo, Stella Maris, Barra, Liberdade, Casa Pia de São Joaquim, Pupileira, Mercado Modelo, Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), Arena Parque Santiago, Pelourinho, Convento Santa Clara do Desterro, entre outros.
Para preservar a essência de suas origens, o Banjo também ganhou novas versões, como o Banjinho e o Banjo de Rua, que pode voltar com edições gratuitas. Fique atento às redes sociais para acompanhar as próximas datas.
Serviço:
Banjo Novo
Samba terapia de sexta! Usamos branco
Mais informações: @banjo_novo