
Casa bem decorada, fanfarra, desfile, família, religião, política… descubra em qual grupo você se encaixa nos festejos da Independência do Brasil na Bahia
A festividade do 2 de julho sempre foi mais ligada às causas populares. A batalha gerou seus heróis, reverenciados até hoje com carinho pelos baianos. As figuras de Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa, o Corneteiro Lopes e João das Botas falam de um imaginário totalmente diferente do que se tem da independência do Brasil. Posteriormente, foram acrescentadas as figuras simbólicas do Caboclo e da Cabocla. Hoje, eles são “as estrelas” do cortejo, saindo em carros emblemáticos.
Mas, todos os anos, durante o cortejo e desfile cívico, a gente acaba cruzando com personagens da vida real, que fazem da festa ainda mais especial. O Visit Salvador da Bahia preparou uma lista de pessoas que são facilmente encontradas durante a celebração e te pergunta: qual dos personagens do cortejo do 2 de julho você é?
O capoeirista da Soledade
Muitos grupos de capoeira participam do cortejo e você pode vê-los em diversos pontos do percurso. O capoeirista que vai para a Praça da Soledade, além de pontual (a festa começa muito cedo) é aquela pessoa que gosta do encontro, de ter tempo de conversar com os amigos antes da andança pelo Centro Histórico começar. Esta praça é onde fica o monumento à Maria Quitéria, e formam-se rodas grandes, com capoeiristas de todas as idades e de diversas partes do estado.
A senhora que “chora no pé do caboclo”
O Caboclo e a Cabocla representam o exército que lutou na guerra formado por soldados regulares e voluntários, brancos pobres, tupinambás, negros libertos e pessoas escravizadas enviadas pelos seus senhores. Por todo o caminho, essas duas figuras simbólicas recebem dos passantes flores, frutas e bilhetes com pedidos. A famosa expressão baiana “Vá chorar aos pés do caboclo” surgiu daí.
O músico da fanfarra
As fanfarras representam todas as cidades baianas envolvidas na guerra. Foram brasileiros que, de fato, libertaram a cidade de Salvador, com armas em suas mãos, começando em Cachoeira, Santo Amaro, Maragogipe, São Francisco do Conde, Nazaré das Farinhas, Jaguaripe, Saubara, formando um exército em frangalhos. Depois, eles se juntaram aos brasileiros que desceram lá de Caetité e de outras partes do sertão e da Chapada. Todos os anos, a grande maioria dos músicos das fanfarras vem destas regiões para tocar na festa.
As balizas e os balizadores
Todas as fanfarras possuem balizas e/ou balizadores. Com suas roupas coloridas e cobertas por pedrarias, fazem acrobacias por todo percurso, levantando o público por onde passam. Além do colorido e da alegria, são o grande símbolo de diversidade do cortejo, tendo um pouco de diva pop e ginasta ao mesmo tempo. Elas interpretam e dão vida à música que está sendo tocada pela banda.
As donas das casas decoradas no caminho
As fachadas das casas decoradas com motivos da festa provavelmente são as coisas mais fofas que você vai ver pelo caminho. Famílias inteiras se reúnem para pendurar bandeirolas, flores de papel e até bandeiras de time. No Santo Antônio Além do Carmo, tem uma senhora que faz fuxicos costurados em uma colcha gigante, que ela coloca pendurada na janela. Vale o elogio para ela e a foto, claro!
Pessoas fantasiadas
É fácil encontrar pessoas caracterizadas como Maria Quitéria pelo caminho, com um uniforme bonito e uma arma na mão. Pelas ruas, também é possível achar menções à religiosa Joana Angélica, até mesmo em crianças caracterizadas. Já os Encourados de Pedrão, hoje, não saem em grande número nos festejos. O Ministério Público da Bahia proibiu a participação de animais no cortejo. Na história, eles formaram um pelotão de vaqueiros, vindos da Chapada Diamantina, que também foram à luta. Por isso “encourados”, pois suas armaduras eram feitas de couro. Hoje em dia, você encontra grandes grupos vestidos com roupas e armas de madeira, fazendo alusão a eles.
As mães e tias corujas
O que não faltam são mamães e titias corujas cuidando das crianças que participam dos desfiles nas alas dos Colégios Militares e fanfarras. Elas estão sempre cheias de bolsas com toalhinhas, biscoitinhos, água e até um segundo look para quando o desfile acabar, afinal, as roupas do desfile são cheias de detalhes, e, muitas vezes, quentes. Essas pessoas estão sempre tirando muitas fotos e nunca perdem os melhores momentos da festa.
Os oficiais da Marinha e do Exército
Durante o desfile cívico, principalmente na subida da Av. Sete de Setembro, é o melhor momento para acompanhá-los. Sempre compenetrados, fazem um desfile impecável marchando na avenida.
Os integrantes da Irmandade dos Homens Pretos
São os associados que recebem o carro do caboclo na igreja do Rosário, no Pelourinho. Os rosarianos pretos são a única irmandade negra viva no mundo que faz parte da Ordem Terceira do Rosário. A comemoração desta elevação foi justamente no dia dois de julho (de 1899), e, como baianos, brasileiros e soteropolitanos, fazem uma homenagem também aos caboclos em saudação e respeito à independência.
Assessor de político
E não poderiam faltar os políticos. A festa é lotada de bandeiras de partidos, comitivas inteiras e, muitas vezes, até presidenciáveis. As manifestações políticas são tradição no cortejo e servem como termômetro popular. Um personagem que nunca falta é o assessor de político. Ele está sempre buscando juntar pessoas importantes para uma foto, uma breve conversa, além de conseguir abrir espaço onde não tem pro seu assessorado passar com tranquilidade e ainda colocá-lo coladinho aos carros do caboclo e da cabocla.