Histórias dos bairros de Salvador: Nazaré

História e Cultura
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Licor das Freiras. Convento do Desterro. Nazaré, Salvador Bahia. Foto Amanda Oliveira.

História e memória da Bahia em um único bairro

Igrejas, conventos, fóruns e mesquita formam a região

Licor das Freiras. Convento do Desterro. Nazaré, Salvador Bahia. Foto Amanda Oliveira.

A história social, jurídica e de saúde de Salvador passa pelo bairro de Nazaré, que também é um famoso point da boemia da capital baiana e ótimo para a diversão com os amigos. A região foi uma das primeiras da cidade a ser habitada após a chegada dos portugueses. Foi lá que foi fundada a Santa Casa da Bahia, no mesmo ano da fundação da cidade de Salvador. O bairro começou a ser ocupado de forma mais efetiva na época da invasão holandesa na Bahia, em 1624. Em função disso, até hoje, o bairro tem como característica arquitetônica muitos casarões, igrejas, conventos e prédios antigos.

Localizado no centro de Salvador, entre os bairros de Brotas, Tororó, Barbalho e do Centro Histórico, Nazaré tem como área central a Avenida Joana Angélica – que é um dos mais importantes centros comerciais da cidade e também preserva parte da memória da Independência da Bahia. Tem importantes construções históricas e religiosas. O catolicismo norteou o processo de ocupação habitacional da região e, inclusive, deu o nome ao bairro que, no início, era escrito Nazareth – homenageando Nossa Senhora de Nazaré.

O bairro tem também a Igreja e Convento de Nossa Senhora do Desterro, que foi o primeiro convento de freiras irmãs clarissas construído no Brasil. Apesar da força do catolicismo, não é a única religião que faz parte da história do bairro. Nazaré é o único lugar de Salvador que tem uma mesquita que fica no Centro Cultural Islâmico da Bahia.

Apesar do aspecto histórico, o bairro tem uma vida noturna agitada, com muitos bares, botecos e restaurantes que são ótima opção para o happy-hour. Conheça Nazaré: história e memória da Bahia em um único bairro.

Memória da Bahia

A Avenida Joana Angélica, principal da região, homenageia a freira Joana Angélica, que morreu defendendo o Convento da Lapa contra os portugueses na luta pela Independência da Bahia. Construído em 1744, o prédio é um dos principais símbolos da luta do povo baiano pela liberdade. Hoje, abriga o campus da Universidade Católica do Salvador.

Além do convento, o bairro tem outras construções religiosas católicas importantes a exemplo da Igreja e Convento de Nossa Senhora do Desterro; e da Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, localizada na Ladeira de Santana. A construção, datada do século XVIII, traz uma decoração neoclássica.

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Licor das Freiras do Convento do Desterro

Justiça forte

No século XVII, com o crescimento urbano de Salvador, o bairro de Nazaré ganhou uma das primeiras linhas de bonde da cidade. Com isso, acabou desenvolvendo uma vocação para abrigar os primeiros escritórios de advocacia da cidade. O pólo jurídico formado na época culminou na construção, em 1949, do Fórum Ruy Barbosa, onde hoje funciona um memorial que homenageia o famoso jurista baiano Ruy Barbosa (1849-1923). Lá estão enterrados seus restos mortais.

No entorno do fórum, há também a sede do Tribunal Regional do Trabalho (5ª Região) e do Ministério Público Estadual (MPE). No século XX, o prédio onde atualmente está o MPE abrigou a primeira Faculdade de Filosofia da Bahia (1941).

Santa Casa

A Santa Casa da Bahia foi fundada em 1549, mesmo ano da cidade de Salvador, no bairro de Nazaré. A entidade foi a única do Estado a prestar aos baianos serviços nas áreas de assistência social e atendimento à saúde por cerca de 200 anos. Hoje, além de seguir com trabalhos voltados para esses dois segmentos de atuação, a Santa Casa desenvolve atividades de ensino e pesquisa, cultura e educação infantil, por meio de diversas unidades, projetos e programas.

A Santa Casa abriga parte importante da memória da formação de Salvador. No Centro de Memória Jorge Calmon, localizado no prédio principal do complexo Pupileira, no bairro de Nazaré, por exemplo, há à disposição de visitantes documentos que datam do século XVII até os dias de hoje. São mais de 1,8 mil livros e cerca de mil caixas com documentos avulsos que revelam informações diversas, como compras de imóveis, crianças acolhidas pela Roda dos Expostos, registros clínicos de pacientes do Hospital da Caridade, primeira unidade de saúde da Bahia, sepultamentos e pagamentos de dotes.

No acervo, há ainda a coleção de 11 livros que reúnem dados dos enterros dos escravos nos séculos XVIII e XIX. A coleção é classificada como um dos acervos documentais brasileiros que integram o Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco).