Histórias dos bairros de Salvador: Garcia

R. Quintino Bocayuva, 18 - Garcia, Salvador - BA, 40100-240
História e Cultura
Larribar Garcia Salvador Bahia Foto: Amanda Oliveira.
Larribar Garcia Salvador Bahia Foto: Amanda Oliveira.
Larribar Garcia Salvador Bahia Foto: Amanda Oliveira.
Larribar Garcia Salvador Bahia Foto: Amanda Oliveira.
Riachão. Foto: Fábio Marconi
Riachão. Foto: Fábio Marconi
Atendimento excelente, comida deliciosa, em um charmoso bistrô: Esse é o LarriQuerí. Foto: Fábio Marconi
LarriQuerri. Foto: Fábio Marconi
LarriQuerrí - pratos. Fotos: Assessoria
Larriquerri. Garcia. Salvador Bahia. Foto: Tereza Carvalho / divulgação.
LarriQuerrí - pratos. Fotos: Assessoria
Larriquerri. Salvador Bahia. Foto: Agência Hike.

Fé, samba e tradição no mesmo bairro

O sambista Riachão levou o nome do Garcia para o mundo

Riachão. Foto: Fábio Marconi

Do Carnaval ao Natal, o Garcia não para. Localizado na região central de Salvador, está próximo ao Campo Grande e é um dos bairros mais efervescentes da cidade em termos de cultura. O bairro tem esse nome em função da fazenda do Conde Garcia D’Ávila, que ocupava uma região com metade do atual território da Bahia. A porteira da fazenda ficava na área onde hoje se situa o Colégio Edgard Santos. Garcia D’Ávila morava no Palácio Conde dos Arcos, que hoje faz parte da Fundação Dois de Julho, abrangendo o Colégio Dois de Julho e a Faculdade Dois de Julho.

O bairro fica no acesso ao lado do Teatro Castro Alves. Além do Colégio Dois de Julho, lá se encontram outros dois espaços educacionais tradicionais da cidade: o Colégio Antônio Vieira e o Sacramentinas – ambos fundados por missões católicas. O bairro tem forte ligação religiosa. Inclusive, abriga a sede da Arquidiocese de Salvador e a Capela Sagrada Família, antigo colégio das Dorotéias.

Mas foi o molejo do sambista Clementino Rodrigues, mais conhecido como Riachão (1921 – 2020), que fez o nome do bairro ganhar o mundo pelas suas composições. Berço do samba, o bairro ainda é a sede do tradicional bloco carnavalesco Mudança do Garcia.

Conheça mais sobre este pedaço de Salvador, que reúne fé, samba e tradição no mesmo bairro.

O samba

Clementino Rodrigues, mais conhecido pelo apelido de Riachão (1921 – 2020), foi um dos mais importantes sambistas brasileiros. Nascido e criado no bairro do Garcia, nas décadas de 1940 e 1950, seus sambas irreverentes ganharam força nas rádios da Bahia. Sempre com sua toalhinha no ombro, fazia questão de falar sobre sua origem humilde pelas ruas do bairro.

Suas composições foram interpretadas por grandes nomes da música brasileira. Ele foi o autor da canção “Cada Macaco no Seu Galho”, que foi escolhida por Caetano Veloso e Gilberto Gil para marcar seus retornos ao Brasil, em 1972, depois de exílio político durante o regime militar no Brasil. Riachão também compôs “Vá Morar com o Diabo”, cantada por Cássia Eller. O álbum “Humanenochum”, lançado pelo selo Caravelas, em 2000, foi indicado ao Grammy Latino.

O Garcia é conhecido reduto do partido alto em Salvador e sempre acontecem boas rodas de samba no bar e restaurante Aconchego da Zuzu e na Casa de Pedra.

Comida boa

Larribar Garcia Salvador Bahia Foto: Amanda Oliveira.

Conta-se que Giovanni Tussato, supostamente o primeiro pizzaiolo do Brasil, teria aberto em 1917, no bairro do Garcia, a primeira pizzaria de Salvador. Apesar de não haver documentos históricos que comprovem o fato, uma certeza é que o bairro do Garcia tem ótimas opções gastronômicas para os vários estilos.

Um dos mais tradicionais é o Aconchego da Zuzu, fundado pela matriarca da família Barrozo: Juvência dos Santos Barroso, conhecida como dona Zuzu. Ela viveu por 103 anos e deixou como legado a paixão pelo bairro do Garcia e também suas receitas, que são famosas até hoje, e atraem turistas e baianos que querem provar saborosos pratos preparados com o autêntico dendê da Bahia.

Para quem quer algo mais contemporâneo, uma boa opção é o Larriquerri, comandado por Rosa e Gabriel Guerra. Não deixe de provar as trouxinhas de carpaccio, nhoque de batata doce com camarões ao molho pesto e o pudim de tapioca. Para drinques, a dica é o LarriBar, um lugar com um ambiente intimista e aconchegante. A criatividade na assinatura dos coquetéis chama atenção, e os belisquetes do Larribar também não ficam atrás.

Larribar: drinques de personalidade no coração do Garcia

Mudança do Garcia

A segunda-feira de Carnaval é sinônimo de Mudança do Garcia no circuito Osmar, no Campo Grande. O bloco surgiu em 1926, com o nome Arranca-Tocos, criado por ex-policiais. Depois, passou a ser chamado Faxina do Garcia e, mais tarde, já na década de 1950, por sugestão do então vereador Herbert de Castro, ganhou seu nome definitivo. Mas a história do nome do tradicional bloco tem outra versão: contam que o pai do sambista Riachão teria expulsado uma prostituta do bairro. A mudança da mulher virou ”Mudança do Garcia” pois foi feita com um misto de samba e protesto.

No livro “História do Carnaval da Bahia – 130 Anos do Carnaval de Salvador”, o jornalista e pesquisador Nelson Cadena explica que o bloco chegou a ter 100 mil participantes nos seus tempos áureos. A tradição, até hoje, continua a mesma: um desfile que mistura samba, alegria, representatividade e protestos sociais.