Músico do BaianaSystem, Japa System lança primeiro disco solo

Nas principais plataformas de streaming, como Spotify e Deezer,
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Japa System. Crédito Jardel Souza

“Sistema Percussivo Integrado”, uma mistura de percussão com eletrônica

“Sistema Percussivo Integrado” chega às plataformas de streaming em abril, com nove faixas inéditas e a participação de nomes como Marcos Suzano, Russo Passapusso, Larissa Luz, Mônica Millet e Gabi Guedes

Japa System. Crédito Jardel Souza

Experimentação de texturas. Percussão híbrida. É assim que o músico e produtor Japa System define o seu som. A partir da mistura de elementos orgânicos e sintéticos, o artista, que integra o grupo BaianaSystem há seis anos, junta timbal e atabaque a baldes e frigideiras, sonoridades tiradas de barras de ferro, cascas de árvores, pele e couro de animais, com sintetizadores, samplers e bases eletrônicas em seu disco de estreia: “Sistema Percussivo Integrado”.

São nove faixas inéditas e autorais, contando com a participação de referências na percussão, como Marcos Suzano, Gabi Guedes e Mônica Millet, a cantora Larissa Luz, além dos companheiros de Baiana, Russo Passapusso e Robertinho Barreto, e músicos do Psirico e Parangolé.

O álbum completo será disponibilizado, gratuitamente, nas principais plataformas de streaming, como Spotify e Deezer, com direito a um videoclipe de animação na faixa “Tum-Ka-Tá-Kruaká” (dirigido pelo designer Pablo Pitombo). Quem assina a arte da capa é o artista de visual, designer e percussionista mineiro, Daniel Guedes.

“Esse disco vai ser o registro de tudo o que passei, todo o sistema construtivo da minha música. Então, tudo que tem ali é muito real, porque o que eu sou, é o meu som. Eu caminho por suas estéticas”, conta Japa System

Ele já tocou em festivais como o Lollapalooza e Rock in Rio, e rodou Europa e Estados Unidos, além de acumular premiações, como o 28º Prêmio da Música Brasileira (2017) e o Grammy Latino (2019) – ambos ao lado do BaianaSystem.

Gravado nos estúdios da Pracatum (escola profissionalizante de música e tecnologia de Carlinhos Brown) e Casa das Máquinas, o disco tem produção do próprio Japa em parceria com o colega de Baiana, João Meirelles – que também assina a masterização e mixagem. Por conta da Pandemia, a produção foi 50% remota, via videochamadas e encontros virtuais.

Mestres da percussão em sintonia com o eletrônico

Japa System .crédito Jardel Souza

Com influências da Capoeira, Candomblé, Samba Duro e Samba de Roda, o disco conta com a participação de grandes Mestres da música percussiva: Gabi Guedes, que já fez parte da banda de Jimmy Cliff e integra a Orkestra Rumpilezz; Mônica Millet, neta de Mãe Menininha do Gantois e uma das primeiras mulheres percussionistas do Brasil, que já excursionou ao lado de nomes como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Marisa Monte e o norte-americano Billy Cobhan; e Marcos Suzano, pioneiro na junção de música eletrônica com base musical afro-brasileira e que já integrou a banda base de artistas como Sting, Joan Baez, Gilberto Gil, Zizi Possi, Lenine e Zé Kéti. Os três participam da faixa título do álbum.

“Compartilhar saberes ancestrais, fundir toques com a composição de Japa e os eletrônicos, dialogando com os atabaques, foi lindo!”, celebra Gabi Guedes. “Admiro muito a criativa identidade musical dele. Tem uma importância vital de transmitir, ao Mundo Percussivo Pulsante, a novidade além da tecnologia, a sensibilidade, os tons inovadores dos tambores ancestrais”, destaca Mônica Millet.

Em seu disco de estreia, Japa também inova ao se lançar como cantor. “No Baiana, eu já dobro as vozes com Russo (Passapusso), então tenho essa intimidade. Mas cantar mesmo é a primeira vez”, conta ele, que divide os vocais com o próprio Russo em “Tum-Ka-Tá-Kruaká”. “Quando eu ouvia as músicas, vinham junto as ideias melódicas e comecei a solfejar. Depois, fui pra caneta, as letras foram nascendo e acabou ficando mais cantado mesmo”, explica Japa.

De fato, das nove faixas, apenas três são instrumentais: a que abre e dá nome ao disco, “Sistema Percussivo Integrado”, a de encerramento, “Quixabeira”, e “Em Três”. O disco ainda traz as participações de Larissa Luz, junto à guitarra baiana de Robertinho Barreto na faixa “Bananeira”; o percussionista do Parangolé, David Sena Lelê; o guitarrista do Psirico, Jotaerre; o cantor Jahgun, baiano radicado em Los Angeles e que já integrou o Olodum; o músico Tito Oliveira, conhecido por levar o som dos atabaques para a bateria; além de amigos de juventude de Japa, como os irmãos Nilton Rasta e Osmar Vinícius, que o ensinaram a tocar timbal.

“A ideia de juntar essa galera é trazer a relação da raiz, do velho novo e do novo velho, circulando entre as referências ao mesmo tempo em que se juntam o som orgânico e o sintético. Ou seja, é híbrido como o meu próprio som”, pontua o artista. O documentário que acompanha o projeto irá, justamente, mostrar o processo construtivo do disco e um pouco do porquê da participação dos convidados e convidadas. O roteiro do curta inclui gravações em Salvador, ao lado de Gabi e Mônica, e um rolé no Candeal, contando um pouco da trajetória de Japa, os primeiros toques no timbal e os anos de Timbalada. “Esse doc é uma forma de agradecer através da percussão e da música”, afirma o músico.

Do Timbal aos Japa Shakers

Nascido em São Paulo, criado em Feira de Santana desde os 8 anos e residente em Salvador há 10, Japa System alçou voo na música quando integrou a Timbalada – “foi a realização de um sonho” -, onde permaneceu por três anos e, antes, chegou a fazer parte do Terra Samba, com o qual fez sua primeira turnê internacional. Mas a sua trajetória musical começou ainda moleque, aos 15, testando experimentações com latas de manteiga e os utensílios de cozinha da mãe boleira. “Gosto de fazer sons através de sons”, destaca ele, que ainda hoje toca com seus instrumentos inventados; os Japa Shakers.

Foi só ao escutar, pela primeira vez, o DVD “Eletroacústico” de Gilberto Gil, que Antônio Dimas Vieira Aires Júnior tornou-se “System”. “Foi quando eu entendi que podia tocar o instrumento orgânico, o timbal da Timbalada, com eletrônico e digital. Ambos poderiam se comunicar, caminhar juntos, se respeitando, entendendo o tempo e a respiração de cada um”, lembra Japa System.

De lá pra cá, já são 23 anos de carreira, desde que saiu de Feira de Santana em busca do seu sonho de tocar profissionalmente, às turnês internacionais, incluindo apresentações no Japão – de onde surgiu o apelido de “Japa”. “Eu integrava um grupo cultural de Feira e surgiu a oportunidade de se apresentar no Japão, em um parque temático tipo a Disney. Cheguei a ir mais duas vezes. Foi quando os amigos começaram a brincar que meu olho estava esticando e eu estava ficando japa”, conta, aos risos.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.