Quatorze trabalhos artísticos compõem programação do evento
Acontece em Salvador de quarta-feira (21) até domingo (25) a 13ª edição do IC Encontro de Artes. Em torno da mítica do número 13, o evento assume o lema “Arte e Outras Magias” e invoca tecnomagias, bruxarias, transes, feitiços, mediunidades, ecumenismos, rituais, vibrações energéticas, fé no invisível.
Serão 14 trabalhos apresentados no Goethe-Institut Salvador-Bahia (Corredor da Vitória), na Casa Charriot (Comércio), na Casa Rosada (Barris) e no Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA (Ondina), além de uma residência artística paralela, envolvendo nomes das cinco regiões do Brasil – Bahia, Amazonas, Maranhão, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal –, a exemplo de Ayrson Heráclito, Rita Benneditto, Elisabete Finger, Elisa Ohtake e Denilson Baniwa. As atrações são gratuitas ou ao preço popular de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), com venda antecipada em www.sympla.com.br/ic.
A abertura oficial, no dia 21 (quarta), às 19h, no Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA, se dá com o artista visual baiano Ayrson Heráclito, em “Bori performance-arte: oferenda à cabeça”: um ritual poeticamente inspirado na prática de ofertar comidas para a cabeça em cerimônias religiosas de matriz afro-brasileira. A ação consiste em oferecer comidas sacrificais à cabeça de 12 performers, como representações dos orixás do candomblé.
Em 22 de agosto (quinta), a escala é no Goethe-Institut: às 19h, “MONSTRA”, de Elisabete Finger e Manuela Eichner (SP), se define como uma coreografia-colagem para pessoas e plantas. Em seguida, às 20h30, será aberta a exposição “Vida Paralela”, de Amaro Abreu (RS), na descoberta, através da imaginação e de gravuras, do que jamais nos foi revelado através da tecnologia: a biodiversidade possível em planetas desconhecidos.
“Peça para adultos feita por crianças”, de Elisa Ohtake (SP), legitima o protagonismo da infância como autora da sociedade. O espetáculo terá duas sessões, dias 23 e 24 (sexta e sábado), às 19h, no Teatro do Goethe-Institut.
Já a cantora maranhense Rita Benneditto apresenta seu show “Tecnomacumba”, na sexta, 23 de agosto, às 20h, no Pátio do Goethe-Institut, numa parceria com o projeto TOCA! Aspectos da ancestralidade e da cultura nacional são expressos através de pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas, mesclados a clássicos da MPB e beats eletrônicos.
Os artistas indígenas Arissana Pataxó (BA) e Denilson Baniwa (AM) discutem perspectivas sobre arte, processos artísticos e territórios na conversa-performance “Norte-Nordeste tudo é Terra Indígena”, no dia 24 (sábado), às 16h, no Goethe-Institut.
O restante do sábado vira uma ocupação da Casa Charriot, começando com “Eu nunca tive uma Barbie”, de Jorge Oliveira (BA), às 20h30, passando por “TecnoMagia”, do Grupo Liquidificador (DF), às 21h, até chegar à festa “Batekoo Magia”, com o Batekoo (BA), a partir de 23h, para virar a noite – uma ode à mágica da resistência da população negra e periférica.
O domingo, 25 de agosto, último dia do IC13, é de programação de projeto: a curadoria do festival, para além do mapeamento e convocação de obras artísticas, incorpora um projeto preconcebido inteiro, numa articulação identitária e curatorial. “Corpo em Casa”, plataforma de proposições cênicas realizada desde 2016 pela Deslimites Mediações Artísticas, oferece uma experiência sensível e política de versões alternativas sobre corpo e intimidade, nos cômodos da Casa Rosada. Nesta data, veremos “Processo Dilatado”, de Thiago Cohen (BA), às 16h; “Sarau Profundanças”, de Daniela Galdino (BA) e convidadas (BA/PE), às 17h30; “NUA”, de
Nirlyn Seijas e Raiça Bomfim (BA), às 19h; e, para encerrar, música da banda Samba das Moças (BA), às 20h.
Veja resumo dos trabalhos que serão apresentados
Bori performance-arte: oferenda à cabeça
Ayrson Heráclito (BA)
Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA | 21 de agosto (quarta), 19h
Classificação indicativa: Livre | Duração: 120 min | Gratuito
O trabalho é como um ritual poeticamente inspirado na prática de ofertar comidas para a cabeça em cerimônias religiosas de matriz afro-brasileira. A ação consiste em oferecer comidas sacrificais à cabeça de 12 performers, representações dos 12 principais orixás do candomblé.
Afoxé Filhas de Gandhy (BA)
Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA | 21 de agosto (quarta), 21h
Classificação indicativa: Livre | Gratuito
Bênção e música da Sociedade Recreativa e Cultural Afoxé Filhas de Gandhy, fundada em 1979, que tem como missão promover a ascensão política e social das mulheres por meio da cultura e valorização da sua ancestralidade, com inspiração no pacifista Mahatma Gandhy.
MONSTRA
Elisabete Finger e Manuela Eichner (SP)
Teatro do Goethe-Institut Salvador-Bahia | 22 de agosto (quinta), 19h
Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 50 min | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Uma coreografia-colagem para pessoas e plantas. Sequência de células coreográficas independentes, em que cada pessoa-planta responde de forma distinta. Uma colagem, uma comunidade, um ecossistema, uma MONSTRA. Entre o analógico e o digital. Entre o doméstico e o selvagem. Entre a delicadeza e o delírio. Entre o grito e o gozo.
Vida Paralela
Amaro Abreu (RS) Curadoria: Fabian Saavedra-Lara (Chile/Alemanha)
Galeria do Goethe-Institut Salvador-Bahia | 22 de agosto (quinta), 20h30
Classificação indicativa: Livre | Gratuito
A descoberta através da imaginação do que jamais nos foi revelado através da tecnologia: a biodiversidade possível em planetas desconhecidos. Subverte a percepção de evolução que nos remete às ciências exatas, à urbanização, aos modelos pré-estabelecidos pela sociedade, para criar seres, plantas e paisagens fantásticas que nos remetem a uma realidade paralela. Amaro Abreu e Fabian Saavedra-Lara são residentes do Programa de Residência Artística Vila Sul do Goethe-Institut Salvador-Bahia. Peça para adultos feita por crianças
Elisa Ohtake (SP)
Teatro do Goethe-Institut Salvador-Bahia | 23 e 24 de agosto (sexta e sábado), 19h
Classificação indicativa: 10 anos | Duração: 90 min | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Peça feita por cinco crianças aventureiras para uma plateia de adultos. Não se trata de um teatro infantil do qual adultos também podem eventualmente gostar, mas sim de teatro para adultos feito por crianças. Elas atuam, dançam, mergulham em Hamlet, no transumano, no além do humano, inventam brincadeiras contra a chatice, contra o antropocentrismo, contra a morte em vida.
Tecnomacumba
Rita Benneditto (MA)
Pátio do Goethe-Institut Salvador-Bahia | 23 de agosto (sexta), 20h
Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 120 min | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Em “Tecnomacumba”, aspectos da ancestralidade e da cultura nacional são expressos através de pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas. No repertório, temas de autores como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor, em que símbolos da nossa fé são evocados, são apresentados com arranjos modernos, bem como músicas do cancioneiro popular e autorais.
Norte-Nordeste tudo é Terra Indígena
Arissana Pataxó (BA) e Denilson Baniwa (Rio Negro)
Praça do Cacau do Goethe-Institut Salvador-Bahia | 24 de agosto (sábado), 16h
Classificação indicativa: Livre | Duração: 120 min | Gratuito
Arissana Pataxó e Denilson Baniwa abrem outras perspectivas numa conversa-performance sobre arte, processos artísticos, territórios e outras coisas mais… Através das diferenças, convergências e singularidades dos povos.
Eu nunca tive uma Barbie
Jorge Oliveira (BA)
Casa Charriot | 24 de agosto (sábado), 20h30
Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 45 min | Gratuito
É o que se instala no espaço como uma dança suspensa no tempo de crise, de fome, de golpes. Nasce a Barbie Barbárie em sua UTI. Uma boneca política em estado de quase letargia.
TecnoMagia
Grupo Liquidificador (DF)
Casa Charriot | 24 de agosto (sábado), 21h
Classificação indicativa: 16 anos | Duração: 120 min | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Um labirinto repleto de possibilidades. No jogo proposto, cada pergunta é respondida com outras. Uma atmosfera onírica compartilhada com o público que questiona a dicotomia entre tecnologia e magia. Não seria a magia uma forma imaterial de alterar a realidade material? E o mesmo não pode ser dito da tecnologia com a qual vivemos cercados hoje em dia?
Batekoo Magia
Batekoo (BA)
Casa Charriot | 24 de agosto (sábado), 23h
Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 360 min | R$ 10 (antecipado) e 20 (no local)
A Batekoo é uma festa feita por negros para o público negro e periférico. Todas as pessoas envolvidas na produção são negras e o cenário é de músicas black do Brasil e do mundo: rap, hip hop, funk carioca, R&B, trap, kuduro, reggae e demais estilos relacionados à cultura negra.
Processo Dilatado
Thiago Cohen (BA)
Casa Rosada | 25 de agosto (domingo), 16h
Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 80 min | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Como falar sobre o que está entre o visível e o invisível? Como pensar em um mundo em que as lógicas são outras de tempo e espaço? Se todos os tempos estão diante dos nossos olhos, aqui e agora, o que escolhemos ver? Com essas perguntas, na busca por um lugar que não é nem material nem imaterial, surge esta peça-instalação-experimento temporário.
Sarau Profundanças
Daniela Galdino (BA) e convidadas (BA/PE)
Casa Rosada | 25 de agosto (domingo), 17h30
Classificação indicativa: 16 anos | Duração: 90 min | Gratuito
O “Sarau Profundanças” celebra cinco anos do “Profundanças”, projeto identificado como guerrilha literária. Criado na Bahia em 2014, tem como principal desafio combater a concentração editorial, fator que tem alimentado a invisibilidade e o silenciamento de mulheres escritoras. Serão nove escritoras reunidas, numa roda de poesia, música e fotografias.
NUA
Nirlyn Seijas e Raiça Bomfim (BA)
Casa Rosada | 25 de agosto (domingo), 19h
Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 50 min | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Estar nua. Retornar à pedra. Mergulhar-se em pedra. Descansar na pedra. Sonhar a pedra. Acordar os silêncios da pedra. Escutar o duro silêncio. Soltar a voz profunda. Sussurrar o magma. Recordar. Estar dentro e desejar. Brotar. Torcer a própria existência. Bater à porta do chão. Alargar os contornos. Tremer. Girar. Mover os vazios à volta. Atirar-se pedra. Rachar.
Samba das Moças (BA)
Casa Rosada | 25 de agosto (domingo), 20h
Classificação indicativa: Livre | Duração: 120 min | Gratuito
Formado em 2008 com o intuito de valorizar a cultura da batucada e, especialmente, do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o grupo Samba das Moças, composto apenas por mulheres, alia músicas autorais e canções de domínio público às pérolas dos grandes mestres.
Nome do evento: IC13: Arte e Outras Magias
Local: Goethe-Institut Salvador-Bahia (Av. Sete de Setembro, 1809 – Corredor da Vitória); • Casa Charriot (Rua Conselheiro Lafaiete, 5 – Comércio); Casa Rosada (Travessa dos Barris, 30 – Barris) e Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA (Av. Adhemar de Barros, s/n, Campus de Ondina – Ondina)
Data: 21 a 25 de agosto
Horário: quarta, quinta e sexta (19); sábado e domingo (16)
Preço: Atividades gratuitas ou ao preço de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)