Lavagem de Itapuã

Itapuã, Salvador - State of Bahia, 41630-565
História e Cultura
Lavagem de Itapuã 2020. Salvador, Bahia. Foto: Bruno Concha Secom Pms.
Lavagem de Itapuã 2020. Salvador, Bahia. Foto: Bruno Concha Secom Pms.
Lavagem de Itapuã 2020. Salvador, Bahia. Foto: Bruno Concha Secom Pms.

Festa popular secular de lavagem da escadaria da igreja da Paróquia Nossa Senhora da Conceição

Lavagem de Itapuã 2020. Salvador, Bahia. Foto: Bruno Concha Secom Pms.

A secular Lavagem de Itapuã é comemorada na quinta-feira antes do início do Carnaval de Salvador e, em 2020, completou 115 anos. A festa começa ainda na madrugada, quando os moradores saem pelo bairro em um Bando Anunciador, convidando a comunidade para a festa. A celebração dura o dia inteiro na orla que liga o bairro de Piatã a Itapuã. Na programação, há diversos atos como missas, cortejos e café da manhã. A lavagem é a última das festas populares de um calendário que tem início com a Festa de Santa Bárbara e Iansã, no dia 04 de dezembro.

Em 2020, a homenageada da lavagem foi a sambista Gal do Beco. Carioca de nascença e baiana de coração, conquistou seu espaço no público baiano. Em 2000, ganhou o título de cidadã soteropolitana não só pelo tempo que morou aqui, mas também pela influência na cultura do samba baiano. Maria das Graças Silva, 65, veio morar em Salvador, mais especificamente em Itapuã, em 79. Teve um bar de nome Beco da Gal, conhecido por seus quitutes (principalmente a rabada) e as rodas de samba de altíssima qualidade musical. Gal já fez shows com Nelson Rufino, Juliana Ribeiro, Waldir Lima e, hoje, os novos sambistas a tomam por madrinha.

Para você que quer participar, é de bom tom usar branco, em sinal de paz e de reverência às pessoas de fé que fazem os cortejos. Cuidado também ao sair fotografando tudo: pedir a permissão, olhar com carinho e ser educado ao registrar a festa não custa nada a ninguém.

Entendendo a festa

Lavagem de Itapuã 2020. Salvador, Bahia. Foto: Bruno Concha Secom Pms.

O Bando Anunciador inicia o ritual de despertar os moradores do bairro ao som de instrumentos de cordas como violas e bandolins e também das maracas. A celebração começa cedo na alvorada, fogos anunciam o nascer do sol. Atualmente, neste mesmo momento, no mar, existem vários grupos que saem em cortejo marítimo com pranchas, canoas e barcos que vão de encontro à Igreja de Itapuã.

Já por volta das 6h, tem início a lavagem das “Nativas”, moradoras do bairro que, há cerca de 30 anos, realizam a ação. É a pré-lavagem da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã que, por muitos anos, foi feita com a presença das Ganhadeiras de Itapuã. Essa parte da lavagem, no entanto, é extraoficial, mas também já virou tradição.

Moradores contam que esta lavagem inicial foi introduzida pela moradora, já falecida, Dona Niçu. Em seguida a pré-lavagem, há o café de Dona Niçu, tradição seguida pelos filhos dela até hoje.
Por volta das 10h20, baianas, fiéis e moradores saem em cortejo do bairro de Piatã até Itapuã, onde é feita a lavagem da escadaria. O trajeto do cortejo se dá da seguinte forma: começa em Piatã, na Praça Dorival Caymmi e segue pela orla até a Igreja de N.S. da Conceição de Itapuã.

A lavagem é bem bonita, feita por baianas vestidas a caráter que levam potes de cerâmica com flores e água de cheiro. O Afoxé Filhos de Gandhy acompanha todo o cortejo, assim como pescadores, capoeiristas e grupos de preservação que aproveitam a data para falarem sobre assuntos como a preservação de baleias, fauna e flora da Lagoa do Abaeté, entre outros.

Ao chegarem em Itapuã, as baianas realizam a segunda lavagem com muita água de cheiro, perfumando e embelezando as escadarias da igreja da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Esse momento é um dos pontos mais importantes da tradição.

À tarde, neste mesmo trajeto, é a vez dos blocos de chão e trios fazerem a festa, como o bloco afro Malê de Balê, a Escola de Samba Unidos de Itapuã, grupo Kimbaila Erê, Ecoar dos Tambores, Puxada Itapuanzeira, Pipoca de Oxeturá, entre outros, que seguem até a noite fazendo festa com música para todos os gostos.

A celebração continua por mais três dias

Apesar de ter o ponto central celebrado na quinta-feira, os festejos seguem até a segunda-feira seguinte. Na sexta, um dia após os cortejos, atrações locais se apresentam no bairro, em clima de ressaca. Já no sábado, acontecem diversas práticas náuticas esportivas e um cortejo do Terno de Reis, manifestação cultural histórica feita por moradores locais, a partir das 18h.

As celebrações chegam ao fim na segunda-feira, com a entrega de uma oferenda a Iemanjá, a partir das 15h, e uma peixada nativa, por volta das 18h, normalmente na sede da Associação dos Moradores do bairro.

Serviço

Lavagem de Itapuã
Comemorado na quinta-feira antes do início do Carnaval de Salvador
02h – Bando Anunciador pelas ruas de Itapuã
05h30 – Lavagem Nativa – pré-lavagem das escadas da igreja da Paróquia Nossa Senhora da Conceição.
10h30 – Cortejo das Baianas e Lavagem principal da Igreja: trajeto Piatã – Itapuã
11h – Manifestações Culturais
A partir das 12h – blocos de chão e trios